sexta-feira, 3 de maio de 2013

Negros sofrem mais do que os brancos, dizem especialistas












A Segunda Mostra Nacional de Práticas em Psicologia, que aconteceu em São Paulo no mês de setembro, dedicou boa parte de seu tempo a discutir o papel do negro na psicologia e as idiossincrasias em torno de seu atendimento. Palestrante do seminário, a cineasta carioca e ativista do movimento em defesa do orgulho negro, Janaína Oliveira, fez uma polêmica declaração. Para ela, o racismo historicamente imposto à população negra no Brasil é a principal causa do sofrimento psíquico, que afeta muito mais os negros do que os brancos.

O objetivo da palestra de Janaína foi sensibilizar os psicólogos para um atendimento mais adequado a essa população, que, aos poucos, passa a ter acesso a esses profissionais que cada vez mais atuam em serviços públicos de saúde mental, como os Centros de Atendimento Psicossocial (CAPs).

“O Brasil é extremamente racista, os negros sofrem todo tipo de racismo, sendo desfavorecidos no acesso à saúde, à educação, ao mercado de trabalho”, destacou Janaína. “Quando não consegue entrar na faculdade, por exemplo, tende a se achar incapaz de passar num vestibular. Do mesmo modo, se sente culpado por não obter um bom emprego, quando na verdade é o racismo que cria condições desiguais de acesso.”

Segundo a cineasta, essa cobrança por melhores resultados num contexto desfavorável, de racismo e discriminação, aumenta a angústia e sofrimento psíquico dos negros. “Os psicólogos devem ser sensibilizados para a questão e ser capacitados para atender a essa população de maneira mais apropriada”, afirmou.

A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, promulgada em 2008, é referência para políticas públicas do setor. Segundo o documento, os negros têm o direito ao atendimento psicológico permanente do nascimento ao envelhecimento. “Muito embora os movimentos negros comecem a fortalecer a luta por esses direitos, eles ainda nem começaram a sair do papel”. No evento, Janaína recebeu o prêmio Paulo Freire, que reconhece o trabalho de pessoas que se dedicam à defesa dos direitos humanos.

O evento celebrou também os 50 anos da regulamentação da psicologia como profissão no Brasil.

FONTE: REVISTA AFRO

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