A Serotonina é um neurotransmissor
que conduz a
transmissão de
um neurônio para outro.
A Serotonina é um composto
orgânico encontrado primeiramente no sangue. Em 1948 a serotonina foi
parcialmente purificada, cristalizada e nomeada. Mais tarde descobriu que a
serotonina é amplamente encontrado em toda natureza, assim como em outras
partes do corpo além do sangue.
Também foi encontrado Serotonina em picadas de
vespa, no veneno do escorpião e em uma variedade de alimentos, tais como
abacaxi, banana ameixas, nozes, peru, presunto, leite e queijo. Além disso, a
serotonina tem sido encontrada no intestino humano, plaquetas e cérebro.
A Serotonina desempenha um papel
no organismo é como um neurotransmissor no cérebro. A falta de serotonina no
organismo pode resultar em carência de emoção racional, sentimentos de
irritabilidade e menos valia, crises de choro, alterações do sono e uma série
de outros problemas emocionais.
Para nosso propósito, entendemos que a Serotonina é uma substância chamada de neurotransmissor e existe naturalmente em nosso
cérebro. Sua função é conduzir a transmissão de uma célula nervosa
(neurônio) para outra. Quimicamente a serotoninaou
5-hidroxitriptamina (5-HT) é uma indolamina, produto da transformação do
aminoácido L-Triptofano.
O triptofano, conhecido também
como 5-HTP (5-hidroxitriptofano), é um nutriente encontrado em alimentos ricos
em proteínas, como carne, peixe, peru e laticínios. Sua importância na
psiquiatria deve-se ao fato de ser o precursor direto da serotonina. Atualmente a serotonina está intimamente relacionada aos transtornos do humor, ou transtornos
afetivos e a maioria dos medicamentos
antidepressivos agem produzindo um aumento da disponibilidade dessa
substância no espaço entre um neurônio e outro.
A serotonina influi sobre
quase todas as funções cerebrais, inclusive estimulando o sistema GABA (ácido
gamaminobutírico) e, embora seja apenas um, entre centenas de outros
neurotransmissores do cérebro, atualmente a serotonina é considerada
um dos mais importantes deles. Os níveis de serotonina determinam se a
pessoa está deprimida, propensa à violência, irritada, impulsiva ou gulosa.
Assim como a serotonina pode elevar o humor
e produzir uma sensação de bem-estar, sua falta no
cérebro ou anormalidades em seu metabolismo têm sido relacionado a
condições neuropsíquicas bastante sérias, tais como o Mal de Parkinson,
distonia neuromuscular, Mal de Huntington, tremor familiar, síndrome das pernas
inquietas, problemas com o sono, etc. Problemas psiquiátricos, tais como
depressão, ansiedade, agressividade, comportamento compulsivo, problemas
afetivos, dentre outros, também têm sido associados ao mau funcionamento do sistema serotoninérgico.
Com essa base fisiológica, alguns pesquisadores
afirmam que aumentando-se os precursores naturais da serotonina pode-se,
seguramente, elevar seus níveis e aliviar a depressão, dor e o desejo por
carboidratos . O triptofano tomado como
suplemento dietético pode ser eficaz contra a depressão e completar a ação dos
antidepressivos tradicionais.
O triptofano pode ser encontrado
em altas concentrações na semente de um legume chamado Griffonia simplicifolia, encontrado no Oeste da África. O
leite e seus derivados também são fontes de 5HTP, assim como a carne de peru.
Outras fontes de triptofano: requeijão, carne, peixe, banana, tâmara, amendoim,
todos os alimentos ricos em proteínas.
Serotonina e o Humor
Em meados desse século a medicina começou a suspeitar ser muito
provável existirem substâncias químicas atuando no metabolismo cerebral
capazes de proporcionar o estado depressivo. Isso resultou, nos conhecimentos
atuais dos neurotransmissores e neuroreceptores, muitíssimo relacionados à
atividade cerebral.
De fato, alguns neurotransmissores, notadamente a serotonina, noradrenalina e dopamina, estão muito
associados ao estado afetivo das pessoas. As pesquisas que inicialmente
procuraram embasar a teoria de que a depressão depende (também) de baixos
níveis de serotonina, tomaram como
ponto de partida a observação de que uma dieta livre de triptofano, a ponto de produzir um pico
plasmático muito baixo deste aminoácido, resultava em um estado depressivo
moderado (Charney). O triptofano, como vimos acima,
é um precursor natural da serotonina.
Também foram realizados testes em pacientes
gravemente deprimidos, bem como em pacientes suicidas, constatando-se
baixíssimos níveis da serotonina no líquido espinhal
dessas pessoas. Assim sendo, hoje em dia é mais correto acreditar que o
paciente deprimido não é apenas uma pessoa triste, aliás, alguns deprimidos nem
tristes ficam, sendo mais certo acreditar que o deprimido seja uma pessoa com
um transtorno da afetividade, concomitante ou proporcionado por uma alteração
nos neurotransmissores e neuroreceptores.
O transtorno afetivo mais típico é a Depressão com todo seu quadro clínico
conhecido, e são vários os fatores que contribuem para sua causa - entre
eles destaca-se cada vez mais a importância da bioquímica cerebral. Os quadros
ansiosos do tipo Pânico, Fobias,
Somatizações ou mesmo a Ansiedade Generalizada são problemas afetivos
muito freqüentes, e já se aceita que todos eles tenham como base psíquica
as alterações da Afetividade.
Os antidepressivos são drogas que aumentam o tônus
psíquico melhorando o humor e, conseqüentemente, melhorando o desempenho da
pessoa de maneira global. Acredita-se que o efeito antidepressivo se dê às
custas de um aumento da disponibilidade de neurotransmissores no SNC,
notadamente da serotonina (5-HT), da noradrenalina ounorepinefrima (NE) e da dopamina (DA). Ao bloquearem
receptores 5HT2 da serotoninaos antidepressivos
também funcionam como drogas antienxaqueca.
O local de ação dos antidepressivos, principalmente
os tricíclicos, é no Sistema Límbico aumentando a noradrenalina e a serotonina na fenda sináptica . Este aumento da disponibilidade dos neurotransmissores na fenda
sináptica é conseguido através da inibição na recaptação destas aminas pelos
receptores pré-sinápticos.
Parece haver também, com o uso prolongado dos
antidepressivos tricíclicos, uma diminuição do número de receptores
pré-sinápticos do tipo Alfa-2, cuja estimulação do tipo feedback inibiria a
liberação de noradrenalina. Desta forma,
quanto menor o número destes receptores mais noradrenalina estaria disponível
na fenda sináptica. Portanto, dois mecanismos relacionados à recaptação; um
inibindo diretamente a recaptação e outro diminuindo o número dos receptores.
Importa, em relação à farmacocinética dos antidepressivos tricíclicos, o
conhecimento do período de latência para a obtenção dos resultados
terapêuticos.
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Será, portanto, nos sistemas noradrenérgico o
serotoninérgico do Sistema Límbico o local de ação das
drogas antidepressivas empregadas na terapia dos transtornos da afetividade.
De modo geral a serotonina regula o humor, o
sono, a atividade sexual, o apetite, o ritmo circadiano, as funções
neuroendócrinas, temperatura corporal, sensibilidade à dor, atividade motora e
funções cognitivas.
Para se ter uma noção da influência bioquímica
sobre o estado afetivo das pessoas, basta lembrar dos efeitos da cocaína, por
exemplo. Trata-se de um produto químico atuando sobre o cérebro e capaz de
produzir grande sensação de alegria, ou seja, proporciona um estado emocional
através de uma alteração química. Outros produtos químicos, ou a falta deles,
também podem proporcionar alterações emocionais.
Por outro lado, os Transtornos
da Ansiedade, principalmente o Transtorno
Obsessivo-Compulsivo e o Transtorno do Pânico, também estariam
relacionados à Serotonina, tanto assim que o
tratamento para ambos também é realizado às custas de antidepressivos, os quais
aumentam a disponibilidade de Serotonina no Sistema Nervoso Central. Nesses estados ansioso, um outro
neurotransmissor, a noradrenalina, também estaria diminuído.
A ação terapêutica das drogas antidepressivas tem
lugar no Sistema Límbico, que é o principal
centro cerebral das emoções. Este efeito terapêutico é conseqüência de um
aumento funcional dos neurotransmissores na fenda sináptica (espaço entre um
neurônio e outro), principalmente da norepinefrina e/ou da serotonina e/ou da dopamina, bem como alteração no número e sensibilidade dos
neuroreceptores. O aumento de neurotransmissores na fenda sináptica pode se dar
através do bloqueio da recaptação desses neurotransmissores no neurônio
pré-sináptico (neurônio anterior) ou ainda, através da inibição da enzima
responsável pela inativação destes neurotransmissores, a Monoaminaoxidase
(MAO). Serão, portanto, os sistemas
noradrenérgico, serotoninérgico e dopaminérgico do Sistema Límbico os locais de ação
das drogas antidepressivas empregadas na terapia dos transtornos da
afetividade.
Mas não é apenas a concentração e quantidade de
neurotransmissores as responsáveis pelos transtornos do humor. Cada vez mais se
constata o envolvimento dos receptores (quantidade e sensibilidade) desses
neurotransmissores na origem da Depressão, assim como na
sintomatologia da Ansiedade. Parece ser este
um importante ponto de partida para a identificação, diagnóstico e terapêutica
desses dois fenômenos psíquicos (ansiedade e depressão) (Bromidge e cols, 1998, Kennett e cols, 1997).
No Sono
Baixos níveis de serotonina estão também
relacionados com alterações do sono, tão comuns em pacientes ansiosos e
deprimidos. A serotonina é a mediadora
responsável pelas fases III e IV do sono. A diminuição da latência da fase REM
(Rapid Eyes Moviment) do sono, de
indiscutível ocorrência na depressão unipolar e no transtorno
obsessivo-compulsivo, se deve ao desequilíbrio entre a serotonina e acetilcolina. Os
antidepressivos recaptadores de serotonina servem para
restabelecer a chamada arquitetura do sono dos pacientes depressivos, ansiosos
e até dos dependentes de hipnóticos (Lehkuniec).
Como vimos, as alterações do sono dos transtornos
ansiosos e do humor, normalmente insônia, deve-se ao desequilíbrio entre a serotonina e um outro neurotransmissor, a acetilcolina e o tratamento com antidepressivos
pode melhorar a qualidade do sono. Outro efeito muito útil dos antidepressivos
é em relação ao tratamento de pessoas dependentes de medicamentos hipnóticos
(para dormir), já que estes podem proporcionar um certo desequilíbrio na
acetilcolina.
Na Atividade Sexual
A serotonina apresenta um efeito inibidor sobre a liberação
de hormônios sexuais (gonadotrofinas) pelo hipotálamo, e conseqüente diminuição
da resposta sexual normal. A diminuição farmacológica da serotonina, seja através de medicamentos ou por
competitividade aminérgica, facilita a conduta sexual. Isso quer dizer que
quanto mais serotonina menos hormônio sexual, menos atividade sexual, portanto, alguns
antidepressivos que aumentam a serotonina acabam por diminuir
a atividade sexual.
No Apetite
A vontade de comer doces e a sensação de já estar satisfeito com o que
comeu (saciedade) dependem de uma região
cerebral localizada no hipotálamo (núcleo hipotâlamico ventro-medial).
O efeito hipotâlamico ventro-medial da serotonina é altamente
específico apenas para os hidratos de carbono, necessitando de outros
co-fatores centrais e periféricos para agir sobre os outros alimentos, como as
proteínas e lípides.
Portanto, com taxas normais de serotonina a pessoa sacia-se mais facilmente e
inibe mais facilmente a ingestão de açúcares, sente-se satisfeita com mais
facilidade e tem maior controle na vontade de comer doce. Havendo diminuição da serotonina, como ocorre na depressão, a pessoa
pode ter uma tendência ao ganho de peso. Por isso os medicamentos que aumentam
a serotonina estão sendo cada
vez mais utilizados nas dietas para perda de peso (sibutramina, por
exemplo). A própria fluoxetina, usada para o tratamento da depressão através do
aumento da serotonina, também costuma
proporcionar maior controle da fome (notadamente para doces).
Assim, se por um lado a baixa de serotonina resulta em ganho de peso, o excesso
de serotonina, por outro lado,
pode produzir anorexia (Blundell). Apesar disso, os
agonistas da serotonina com ação direta
sobre os neuroreceptores da serotonina (serotoninérgicos) do tipo 5-HT1A
(8-OH-DPAT) produzem aumento do apetite (hiperfagia) por estímulo de outros
neuroreceptores (auto-receptores), diminuindo a liberação de serotonina. Este pode ser o mecanismo
responsável pela anorexia que se observa em alguns casos de depressão ou da Anorexia Nervosa (López-Mato).
Outras Funções
Também na regulação geral do organismo a Serotonina tem um papel
importante. A Serotonina é um dos principais neurotransmissores do núcleo
supraquiasmático hipotalamico, regulador central de todos os ritmos endógenos
circadianos. Influi assim, na regulação do eixo hipotálamo-periférico.
A temperatura corporal, por exemplo, controlada que
é no Sistema Nervoso Central(SNC) recebe uma
influência muito grande dos níveis de serotonina. Isso talvez possa
explicar porque algumas pessoas têm febre de origem emocional, predominantmente
as crianças. A serotonina produz um efeito
duplo sobre a temperatura corporal, de acordo com o tipo de neuroreceptor
estimulado. O neuroreceptor 5-HT1 reduz a
temperatura corporal (hipotermia) e o neuroreceptor 5-HT2, ao
contrário, eleva a temperatura (hipertermia). É durante a fase de ondas lentas
do sono que se produz o pico mínimo da temperatura corporal.
Também interfere no limite da sensação de dor. A serotonina é um modulador das vias
senso-perceptivas, as quais também transmitem ao cérebro a sensação de dor. A
depressão diminui o limiar de recepção à dor e a administração de agonistas
(imitadores biológicos) da serotonina produz analgesia em
animais de laboratório.
Algumas doenças caracterizadas por dores de
tratamento difícil podem ser muito beneficiadas com medicamentos que aumentam a serotonina. É o caso, por exemplo, da
enxaqueca, das lombalgias (dores nas costas) e outros quadros de dor
inespecífica. É bem conhecido o efeito dos antidepressivos tricíclicos,
especialmente de a Amitriptilina, para controle dos casos de dor psicogênica.
FONTE: Ballone GJ, Moura EC - in. PsiqWeb,
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