Sabe-se que a
hiperatividade da noradrenalina ocasiona ansiedade e inquietação e os
medicamentos capazes de aumentar sua atividade melhoram muito os quadros de
depressão com apatia, desinteresse e lentidão psicomotora. A dopamina, por sua
vez, parece estar ligada a diminuição ou falta de iniciativa, à perda do
dinamismo, ao cansaço e a sensação de prazer, ao mesmo tempo em que a
serotonina estaria relacionada ao comportamento impulsivo, a emoção, ao
sofrimento, à violência, ao sentimento de culpa e às condutas adictivas (de
dependência).
Neurônios da Serotonina
Existem cerca de 10 bilhões de neurônios no cérebro humano e, muito
possivelmente, 250 mil deles pertence ao sistema serotoninérgico. Esses
neurônios estão principalmente distribuídos nos núcleos da rafe e no
mesencéfalo.
O processo de despolarização no neurônio pré-sináptico promove a expulsão de
serotonina (5-HT) para a fenda sináptica e para o espaço extracelular cerebral.
A serotonina liberada pode ativar tanto pré quanto pós-sinápticos, sendo que os
últimos estão localizados no neurônio-alvo e os primeiros no mesmo neurônio de
onde saiu a serotonina (auto-receptores).
Esses receptores determinam um número de eventos intracelulares responsáveis
por muitos efeitos biológicos. As múltiplas ações da serotonina são explicadas
pela interação dessa com algum subtipo de receptor. Ativados, esses
neuroreceptores produzem inibição da adenilciclase. O receptor 5-HT1A encontra-se
igualmente envolvido no fluxo de íons.
Tratamento para
Depressão Infantil e Distimia
Hoje se aceita que a melhor orientação
terapêutica para a Depressão é a combinação da psicoterapia e da
farmacoterapia. As principais técnicas de psicoterapias usadas são:
Terapia Cognitiva. É calcada na tentativa de corrigir distorções cognitivas
presentes no transtorno depressivo, isto é, procura corrigir esquemas de
pensamento falhos próprios dos deprimidos. Os principais objetivos da terapia
cognitiva são: aliviar sintomas por correção dos pensamentos viciosos da
depressão, identificar cognições autodestrutivas e modificar esquemas de
pensamentos errôneos.
Terapia Comportamental. Baseia-se na hipótese de que padrões de comportamentos
mal-adaptativos, próprios dos deprimidos, resultam acabam resultando no mau
relacionamento com a sociedade em geral e, em particular, com a família. Ao
tratar dos comportamentos mal adaptativos os pacientes aprendem a se relacionar
com o mundo à sua volta de modo mais harmônico.
Distimia
A Distimia é um transtorno afetivo crônico caracterizado por humor deprimido
(ou irritável em crianças e adolescentes) durante a maioria dos dias. É comum
pessoas com Distimia serem consideradas "mal humoradas", normalmente
com um padrão comportamental considerado sarcástico, rabugento, exigente e
queixoso.
A doença afeta 3 a 5% da população geral; 30 a 50% dos pacientes em clínicas
psiquiátricas gerais. A prevalência é de 8% em adolescentes jovens e de 5% em
meninos e meninas, e mais comum em mulheres do que em homens.
Freqüentemente a Distimia coexiste com outros transtornos emocionais e
psicossomáticos, sendo freqüente as alterações dos padrões de sono, de apetite,
baixa auto-estima, pessimismo, perda de energia, retardo psicomotor, diminuição
do impulso sexual e preocupações exageradas com relação a sua própria saúde.
Depressão Infantil
Devido à diversidade dos locais onde os estudos são realizados e das populações
observadas, vários índices de prevalência têm sido estabelecidos para a
depressão na infância. Estudos norte-americanos revelam uma incidência de
depressão em aproximadamente 0,9% entre os pré-escolares; 1,9% nos escolares e
4,7% nos adolescentes. A estabilidade dos sintomas depressivos tem sido mais
pronunciada nos meninos que nas meninas.
Apesar da tamanha importância da depressão da infância e adolescência em
relação ao suicídio, às dificuldades na escola, no trabalho e no ajuste
pessoal, dificuldades que podem continuar por toda vida adulta, esse quadro não
é devidamente diagnosticado.
A maioria das crianças maiores e dos adolescentes apresenta a Depressão de
forma atípica, escondendo seus sentimentos depressivos sob uma máscara de
irritabilidade, de agressividade, hiperatividade e rebeldia. Entretanto, apesar
da maioria manifestar a Depressão atípica, algumas podem apresentar sintomas
clássicos, como a tristeza, ansiedade, mudanças no hábito alimentar e no sono,
etc.
Efeito Placebo
Veja um trecho do artigo de Eduardo Moraes Baleeiro sobre o Efeito Placebo: "Fumento,
em artigo jornalístico publicado no "Chicago Tribune", chama atenção
de como a mídia jornalística e a intervenção dos processos advocatícios
interferem no adoecer.
Na sociedade norte-americana, intensa e abusivamente, os advogados com
processos contra o médico e seus procedimentos, com o pensamento puramente
mercantilista, visando a lucros financeiros para os seus clientes, interferem,
de uma maneira muito clara, no desencadeamento do fenômeno nocebo, em função de
uma expectativa negativa: quanto pior o resultado médico, quanto mais doença e
seqüelas, maior o lucro financeiro.
Nesse artigo do "Chicago Tribune", é abordada a questão da
complicação dos implantes de silicone na plástica de seios. Durante mais de 30
anos, as mulheres viveram felizes e realizadas após cirurgia plástica com
implante de silicone, até que alguns poucos casos evidenciaram complicações
reais, que foram tratadas, bombasticamente, pela imprensa leiga, e inúmeras
mulheres passaram a adoecer.
O pior veio depois, quando a perspectiva de lucros financeiros indenizatórios
contra os fabricantes das próteses foi estimulada largamente pelos advogados.
Um escritório de advocacia publicou o seguinte anúncio: "US$ 100.000 ou
mais esperam por você, se você tem implante de silicone nos seios."
Trata-se do nefasto e indesejado lucro secundário, que tem origem na
expectativa do paciente, na de seus familiares e na interferência
sociocultural.
Aqui no Brasil, em que a indústria de indenizações estimuladas pelos advogados
ainda não chegou ao nível do que ocorre nos Estados Unidos, observa-se uma
crescente preocupação com esse nefasto procedimento, desencadeando o fenômeno
placebo em inúmeras questões médico-trabalhistas.
Bellamy, em artigo que estuda as recompensas financeiras como fator do adoecer
- fenômeno nocebo - discute diversas dificuldades que afligem os ortopedistas,
principalmente em relação à dor, em que o efeito placebo é o mais marcante
entre todos os sintomas da clínica médica e, no reverso da medalha, o mais sujeito
ao fenômeno nocebo. Em brilhante conferência sobre LER, lesões por esforço
repetitivo, um experiente ortopedista da área médico-trabalhista afirmou não
ter visto, uma vez sequer, um trabalhador autônomo da área de digitação
apresentar LER, doença típica dos profissionais dessa área.
Fator importantíssimo e básico para a moderna psicologia médica é a relação
médico x paciente para a solução do processo terapêutico. É nessa relação que
as expectativas e as fantasias, otimistas ou pessimistas, acarretam os
fenômenos placebo e nocebo.
Cultural e socialmente, a relação médico x paciente, no Brasil, é comprometida
em função dos planos de saúde intermediando a relação paciente x processo
terapêutico, freqüentemente gerando o fenômeno nocebo. Os pacientes que têm
planos de saúde passam a adoecer, somatizando mais, para mais usar os recursos
médicos desses planos, uma vez que eles os pagam mensalmente, aumentando,
assim, o número de consultas, de procedimentos diagnósticos e da medicalização.
Imagine-se que a expectativa negativa atinge, cada vez mais, grande número de
pessoas, desempregadas ou com perda do seu poder aquisitivo, fenômeno freqüente
no Brasil de hoje, quando, privados de seus planos de saúde, vêem-se na
perspectiva negativa e pessimista de depender do sistema médico do SUS.
Outra perspectiva sombria é a relação médico x paciente no sistema manage care
que, aos poucos, vem sendo introduzido no Brasil. Observação norte-americana em
relação ao manage care mostra que esse método, com a tentativa de diminuir
artificialmente o procedimento médico, tem tido nítido efeito nocebo, pois os
pacientes que estão sujeitos a esse tipo de relacionamento precisam piorar
bastante, porque somente os mais doentes têm o privilégio do atendimento médico
(ressalte-se tamanho absurdo, da necessidade de piorar bastante para almejar
esse tipo de atenção - comentário nosso).
Faz-se aqui a reprodução do que Baleeiro escreveu em breve artigo sobre o
placebo: "para Balint, pai da moderna psicologia médica, através de sua valorização
na relação médico x paciente, o melhor medicamento é o próprio médico. É o
médico, portanto, que nomeia a atuação terapêutica do placebo, bem como
empresta a qualquer droga (com princípio farmacológico ativo), no uso clínico
corrente, um efeito placebo importante".
Ao concluir essas observações sobre o efeito placebo e nocebo, ratifica-se o
que já foi dito: o que distingue fundamentalmente o placebo do nocebo é a
qualidade da expectativa, se otimista ou positiva, ao contrário da outra
situação em que predomina a expectativa pessimista ou negativa. O que gera esse
antagonismo é o amor e o ódio que permeiam a relação médico x paciente, como
toda e qualquer relação humana. Freud afirmou que o amor e o ódio são as faces
opostas de uma mesma moeda.
FONTE: psiqweb
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