O Depressivo olha
à sua volta e lista tudo o que ele tem: família, amigos, trabalho e lazer. Não vê sentido
em nada. Não sente nenhuma motivação em dar seguimento às atividades de sua
rotina. Prefere aquele pontinho de luz na escuridão do quarto. Pensa no que lhe
daria prazer e não encontra nada. É um estranho no mundo. Não vê nenhum sentido
nos lugares que poderia visitar, nas coisas que poderia comprar e nos
restaurantes que poderia frequentar. Não sente o menor impulso para passeios e
coisas. É desafectado de tudo. Só consegue desenvolver alguma atividade de
forma robotizada ou sob o efeito de muitos antidepressivos. A depressão é uma
síndrome da falta de prazer na vida. É uma psicopatologia da alegria de viver.
O olhar desesperado do depressivo envolve uma dificuldade crônica em
estabelecer laços com o mundo. Ele não sabe mais a que veio. Não sabemos
exatamente qual é a causa desta baixa da vontade de viver. O que sabemos é que
as mudanças sociais das últimas décadas, tendem a tornar as pessoas ainda mais
vulneráveis à depressão. A alegria de viver passa pela disponibilidade das
pessoas em amar de forma gratuita, sem a pressão das coisas materiais e do
tempo. Isto hoje é coisa rara. Não creio que a felicidade possa ser conquistada
com a ingestão de comprimidos produzidos artificialmente. Teremos que nos
adaptar aos novos tempos e sem a alegria intensa, própria de nós brasileiros.
Em pouco tempo veremos sentido em passar a maior parte do tempo, em frente à
TV, consumindo pacotes de batata frita com aqueles copões enormes de
refrigerante.
REFERÊNCIAS: DEPRESSÃO
; depressivo ; PSICANALISTA ; antidepressivos ; síndrome ; felicidade ; brasileiros;
FONTE: Evaristo Magalhães – Psicanalista