sexta-feira, 26 de abril de 2013

Estresse, depressão e ansiedade: os inimigos do professor da rede pública de SP













Doenças relacionadas à saúde mental são as maiores responsáveis pelo afastamento da sala de aula

A Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), em parceria com o grupo Géia, apresentou em evento realizado hoje (11) os resultados de uma pesquisa que traçou o panorama da saúde dos professores da rede estadual de São Paulo. O médico do grupo Géia, Leandro Ramani, apresentou os resultados da pesquisa realizada durante o congresso da Apeoesp, em dezembro de 2010, que comprovam o adoecimento dos professores da rede estadual. O levantamento apontou que, dentre os professores pesquisados, 27% tiveram afastamento da atividade profissional no ano anterior a pesquisa (2009), motivado por problemas de saúde.

Um dado que chama bastante atenção no levantamento é que 41% dos entrevistados afirmaram terem sofrido, no ano anterior à pesquisa, com problemas relacionados a sua saúde mental, deste, 29% foram diagnosticados com depressão e 23% com transtornos de ansiedade. As doenças relacionadas à saúde mental dos professores são as que mais os afastam da atividade profissional. Dentre os que tiveram depressão, 57% tiveram que ser afastados de suas atividades profissionais e, daqueles que tiveram transtornos de ansiedade, 49% foram afastados da sala de aula.

“O ambiente de trabalho do professor é um ambiente onde existe violência. Isso acaba gerando o que chamamos de estresse crônico. O nosso sistema simpático reage a situações estressantes e nos coloca em estado de alerta. Quando a situação de estresse passou, o sistema parassimpático é ativado para que o nosso corpo relaxe. O que estou inferindo aqui é que o professor sofre situações estressantes diuturnamente, e não possui o tempo para que o sistema parassimpático funcione e ele possa relaxar”, explica Ramani.

Dos profissionais que declararam sofrer de ansiedade ou pânico, 62% não fazem acompanhamento médico regularmente. Entre os que afirmaram sofrer de depressão, 59% não tem acompanhamento médico regular. Para Fábio Santos de Moraes, secretário geral da Apeoesp, a política do governo estadual colabora para este quadro.

“A falta de estrutura é gritante. Nós vivemos uma barbárie. O estado age na consequência e não na causa. Para o professor não faltar mais o estado limitou o número de vezes que ele vai ao médico”, aponta Moraes.

Obesidade
Outro dado significativo da pesquisa refere-se à taxa de obesidade entre os professores. Dentre os pesquisados, 31,8% dos professores estão em situação de obesidade e 41,2% estão enquadrados como pré-obesos. Segundo o Ramani, uma das principais causas para este alto índice de obesidade e pré-obesidade é a não realização de atividades físicas regulares, 43% dos professores afirmaram que não realizam nenhuma atividade física.

A pesquisa revelou ainda que a realização de atividades físicas está relacionada com a idade do professor. Professores com mais de 50 anos são aqueles que mais fazem atividades físicas. “É importante ressaltar que nesta faixa etária estão os professores aposentados, que possuem mais tempo para realizar atividade física”, frisou o Dr.Ramani.

Para Maria Izabel Noronha, presidenta da Apeoesp, a razão para que muitos professores não façam atividades físicas está na jornada de trabalho estafante. “Acho que em relação à atividade física, o fato de a pesquisa apontar que os professores aposentados fazem mais atividades físicas se relaciona com a falta de tempo de quem dá aulas. O professor não tem tempo para cuidar de si”, disse.

Após a apresentação dos resultado, Maria Izabel Noronha afirmou que a Apeoesp vai fazer um grande esforço para dar força para a publicação da pesquisa, e assim levar seus números ao conhecimento de toda a categoria. Desta forma, segundo ela, será possível cobrar do governo do estado ações para melhorar a saúde do professor da rede estadual de ensino.

“Devemos tirar metas de como queremos lidar com essa questão do adoecimento dos professores, essa publicação vai sensibilizar muito para que consigamos expor a situação. Um candidato, por uma bolinha de papel na cabeça, fez mil raios x, e nós não conseguimos. E quando conseguimos já passou o tempo”, destaca. “Precisamos fazer com que os números sejam revertidos. Que sejam pensadas políticas de prevenção e tratamento do professor adoecido.”

FONTE: GELEDÉS / Por Felipe Rousselet  -  Publicado em 11 de setembro de 2012 na Revista Fórum

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segunda-feira, 22 de abril de 2013

O que é a depressão?
















A depressão é uma das doenças psiquiátricas mais frequentes na sociedade. Afecta pessoas de todas as idades, e actualmente, é a principal causa de incapacidade e a segunda causa de perda de anos de vida saudáveis. As causas podem variar de pessoa para pessoa, no entanto, existem factores sociais que influenciam o aparecimento e permanência de episódios depressivos como o falecimento de um ente querido, o divórcio, o desemprego, as condições de vida adversas, acontecimentos traumáticos, relações interpessoais infelizes, entre outros factores.

A depressão é uma doença mental caracterizada por um estado de tristeza mais marcada ou prolongada, perda de interesse por actividades habitualmente encaradas como agradáveis ou de lazer, perda de energia e cansaço fácil.

A depressão pode ser episódica, recorrente ou crónica e leva à diminuição substancial da capacidade do indivíduo em assegurar, por vezes, as tarefas e responsabilidades mais simples do dia-a-dia. Os sintomas têm propensão a persistir durante longos períodos de tempo, perturbando significativamente a vida quotidiana do doente, tanto a nível pessoal com o profissional e, como se podem confundir com outro tipo de sentimentos, o diagnóstico da depressão pode passar despercebido durante muito tempo e evoluir para estados muito graves. A falta de tratamento adequado leva a que a depressão se torne numa doença crónica ou seja, o doente não entra em remissão.

A depressão dói mas pode deixar de doer
A doença manifesta-se de diferentes formas de pessoa para pessoa – se, em alguns casos, são mais visíveis os sintomas emocionais (tristeza, desânimo, falta de interesse, pessimismo, falta de auto-estima, irritabilidade), noutras a depressão expressa-se sobretudo de forma física com dor (cabeça, costas, ombros muscular, abdominal), alterações do sono, falta de energia, fadiga e mal estar generalizado. Por isso se diz que a depressão dói.

De salientar que, no caso da dor física, quando esta persiste durante anos, não respondendo ao tratamento convencional com analgésicos, deve ser investigada pelo médico assistente. Por outro lado, é importante ter em conta que quando a única manifestação da depressão é a dor física, facilmente a mesma pode ser confundida com outras doenças.

Luís Câmara Pestana, presidente da Associação Portuguesa de Psiquiatria Biológica, considera que “é alarmante pensar que estes doentes passam anos com uma depressão não diagnosticada, até ao dia em que são vítimas de uma crise profunda com graves consequências, pessoais, familiares e profissionais. É fundamental ter em conta os sintomas físicos como sinais de alerta importantes que mascaram frequentemente os restantes sintomas depressivos. Estes estados devem ser tratados da mesma forma que são os típicos episódios de depressão.”

Como se diagnostica a depressão?
Para se diagnosticar um episódio depressivo devem estabelecer-se determinados critérios, não sendo suficiente a existência de um sintoma ou vários sintomas, que tenham decorrido durante escassos dias, para que se possa detectar uma depressão. Desde os primeiros sintomas até ao diagnóstico da depressão podem decorrer cinco anos. 

Segundo Luís Câmara Pestana, «há factores importantes que levam ao diagnóstico tardio da depressão. O receio da estigmatização por parte dos doentes é um deles. Mas o facto mais alarmante é, por vezes, os doentes e mesmo alguns profissionais de saúde não associarem os sintomas físicos com a depressão. No entanto, estes são sinais de alerta importantes e devem ser tratados a par dos sintomas emocionais», adianta Luís Câmara Pestana.

Perante este tipo de sintomas que interferem de forma inequívoca no nosso quotidiano procurar ajuda é fundamental. Actualmente, existem terapias que, para além de estarem indicados para o tratamento de episódios depressivos e perturbação de ansiedade, também actuam no alívio da dor física associada.

Para se diagnosticar um episódio depressivo devem estabelecer-se determinados critérios, não sendo suficiente a existência de um sintoma ou vários sintomas, que tenham decorrido durante escassos dias, para que se possa detectar uma depressão. É importante procurar ajuda e falar com o médico, para que ele possa efectuar um diagnóstico correcto e atempado. Após o diagnóstico é necessário que o tratamento seja efectuado durante um período de tempo adequado, de acordo com a situação clínica.

Procurar ajuda para combater a depressão 
O primeiro passo para combater a depressão é o reconhecimento do estado de doença, através dos sintomas e sinais. Neste caso, o indivíduo deve procurar informar-se sobre a doença e consultar o médico de família ou o psiquiatra, explicando os sintomas que tem vindo a sentir nos últimos tempos. 

O doente deve ter consciência de que a depressão é uma doença de um modo geral tratável e que cumprindo o tratamento acordado com o médico, voltará a fazer a sua vida como anteriormente, uma vez que os sintomas desaparecerão progressivamente. No entanto, é importante ter a consciência de que nas primeiras semanas de tratamento poderá sentir os efeitos secundários da medicação e que o efeito benéfico poderá demorar entre duas a quatro semanas a surgir.

FONTE:saude.sapo